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Energiplast 2012 reúne especialistas para o debate da geração de energia a partir do resíduo sólido urbano

Na quarta-feira 26 de setembro, estudantes universitários, profissionais de diversos setores econômicos e autoridades participaram da terceira edição do Fórum Brasileiro de Reciclagem Energética de Resíduos Sólidos com Ênfase em Plásticos – Energiplast 2012, promovido pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do RS (Sinplast). O evento teve como objetivo propor um novo jeito de pensar energia a partir do residuo sólido urbano. Temas como reciclagem, gestão do lixo, créditos de carbono, novas tecnologias e cases de sucesso foram apresentados durante todo o dia, na Fiergs.
A abertura do evento contou com a presença do presidente do Sinplast, Alfredo Schmitt, que destacou a importância do tema e da parceria entre o poder público e privado nos debates e ações em prol da geração de energia térmica e elétrica a partir dos resíduos sólidos urbanos.

O presidente da Fiergs Heitor Müller falou sobre o objetivo do Energiplast de mostrar à sociedade os projetos já existentes ou na fase de elaboração para transformar em energia os resíduos especialmente plásticos. “Estamos conscientes de que a indústria da reciclagem, assim como a busca de alternativas energéticas, fazem parte do universo da produção inteligente neste século 21”, comentou Müller.

Luiz Henrique Hartmann, diretor do Sinplast e coordenador do fórum, comentou sobre o valor energético do lixo e o atual desperdício dessa riqueza no Brasil. “A reciclagem energética é parte da solução para a gestão do lixo nas cidades”, afirmou.

O primeiro pronunciamento do dia ficou a cargo do diretor geral em exercício do DMLU, Carlos Vicente Bernardoni, que apresentou os rumos que estão tomando o projeto da Central de Tratamento de Resíduos da cidade de Porto Alegre, que visa dar um destino mais nobre ao lixo da cidade que hoje em torno de 1200 toneladas por dia são direcionados a aterro sanitário . Segundo ele, o projeto está em fase de debate e estudo técnico. “Recebemos propostas de tecnologia de dez empresas. O projeto deve seguir três pilares: social, econômico e ambiental”, comentou.

Após a abertura, a agenda do dia iniciou com a palestra “A Certificação de Créditos de Carbono através de Projetos de Energias Renováveis”, ministrada por Marcino Fernandes Rodrigues, Advogado Especialista em Direito Ambiental e Internacional pela UFRGS e Consultor em Sustentabilidade. Rodrigues explicou como se dá o processo de certificação das empresas e instituições no que diz respeito à redução de carbono. “É um processo complexo, que leva entre um ano e meio a dois e tem um custo acima de R$ 150 mil”, comentou, ressaltando a importância dos empresários brasileiros internalizarem o tema do crédito de carbono. “O Brasil está entre os seis países do mundo em volume de projetos certificados pela ONU. O problema é que muitos projetos não se viabilizam economicamente”, ressaltou.

Ainda na parte da manhã, o tema “Gestão dos Resíduos Sólidos na cidade de Porto Alegre, com inclusão social” foi apresentado por Jairo Armando dos Santos, Diretor da Divisão de Projetos Sociais, Reaproveitamento e Reciclagem e da Divisão de Apoio Operacional do DMLU. Segundo Santos, a média brasileira de geração de lixo cresceu de 1kg para 1,2kg, sendo que a cidade de Porto Alegre gera 1200 toneladas de resíduos/dia. O palestrante defendeu o aterro sanitário como o modelo mais seguro atualmente para destinação de resíduos. “O aterro é uma obra de engenharia”, salientou.

CASES – No turno da tarde, as apresentações do Energiplast giraram em torno de cases e exemplos práticos relacionados à geração de energia a partir do lixo urbano.Antônio Januzzi, da Estre Ambiental, ministrou a palestra “Alternativas para Valorização Energética de Resíduos Sólidos Urbanos”. Conforme ele, a planta da empresa localizada em São Paulo recebe 40 mil toneladas de resíduos sólidos por dia. “Comparando com o que é gerado por Porto Alegre, por exemplo, que produz 1,2 mil toneladas por dia, nós trabalhamos com um montante equivalente a cerca de 35 vezes”, conclui. O projeto em prática na região sudeste é inspirado no que vem sendo realizado na Finlândia, conforme Januzzi. “Um problema que enfrentamos no Brasil é o alto custo do transporte desses materiais. A nossa expectativa é que a exploração deste negócio cresça nos próximos anos”, destaca.
Tecnologias e inovações acerca do tema da geração de energia limpa a partir do lixo fizeram parte da palestra do superintendente operacional da Solvi, Diego Nicoletti. O palestrante falou sobre a primeira termelétrica a biogás de aterro sanitário do Nordeste e terceira do país, a Termoverde Salvador. Inaugurada em janeiro de 2011, a termelétrica teve um investimento de R$ 50 milhões do Grupo Solvi, que atua nas áreas de gestão de resíduos e saneamento. A usina gera energia limpa a partir do lixo doméstico depositado no aterro sanitário e queima o metano existente no biogás, em vez de queimá-lo diretamente na atmosfera.
O evento encerrou com a palestra “Transformando Resíduos Plásticos em Energia utilizando o processo de Pirólise”, ministrada por Antonio Mallmann, engenheiro químico e consultor na área ambiental. Mallmann abriu sua palestra destacando que “resíduo é o grande problema do nosso século”. “o gerenciamento de resíduos em qualquer comunidade é uma atividade necessária para fornecer um meio ambiente seguro e saudável para as pessoas”, disse. O principal destaque da palestra de Mallmann girou em torno da pirólise, um processo de decomposição termoquímica de materiais orgânicos. A pirólise transforma o lixo em misturas líquidas e de gases e ainda em material sólido, que gera cinza e carbono fixo.
Ao final do evento, de forma inédita, o Sinplast sorteou um tablet entre os participantes presentes. A sorteada foi a advogada Simone Faturi Silveira Würch, de Canoas. “Gostei bastante do evento. Participei para entender um pouco mais dessa área de reciclagem”, comentou ela, que participou pela primeira vez do fórum. O Energiplast 2012 contou com o patrocínio do Sistema Fecomércio e da Braskem e com o apoio do Sistema Fiergs.