O Sinplast entrevistou Paulo Ene, autor do artigo “Sacolas de super, sacos de lixo e arroz…” publicado no site da Gazeta do Sul, de Santa Cruz do Sul, sobre o tema das sacolas plásticas. Médico veterinário, formado pela Universidade Federal de Santa Maria, Ene é também diretor secretário do Sindicato Rural de Rio Pardo. O veterinário tem um ponto de vista interessante em relação à substituição das sacolas plásticas. Confira abaixo a entrevista:
Sinplast – Porque o senhor decidiu escrever sobre esse tema das sacolas plásticas?
Paulo Ene – Porque sempre me chamou a atenção, ao passar pelas ruas, e também na minha casa que a maior parte do lixo destinado ao recolhimento público é acondicionado em sacolas de supermercado. Então é fácil deduzir que se diminuírem ou cobrarem pelas sacolinhas, as famílias terão que adquirir os recipientes para colocar o seu lixo, fato que certamente irá onerar ainda mais o orçamento das pessoas.
Sinplast – A relação do custo do saco de lixo com o quilo de arroz é bastante interessante. O que lhe chamou a atenção para esse tema?
Ene – Sempre me chama a atenção que poucas coisas no supermercado são mais baratas que o arroz, onde 1 kg chega a ser vendido a R$ 1,20 ou R$ 1,50, quantidade que dá para alimentar 15 pessoas (claro que na composição com outros alimentos na mesma refeição, até porque aqui não temos o hábito de comer arroz puro). Isto representa R$ 0,10 por pessoa, o que, convenhamos, é muito pouco para comer um cereal tão nobre. Isto é o que vale duas balas! E olha que com o preço que está sendo pago aos produtores o valor poderia ser menor ainda. O arroz baixou para o produtor em torno de 25%, mas ninguém viu diminuir o preço dele na gôndola do supermercado, não é verdade? Então é fácil deduzir quem está ficando com a parte do leão…
Sinplast – Qual é a sua opinião sobre a substituição das sacolas plásticas?
Ene – Acho uma bela forma dos supermercados reduzirem seus custos com embalagens, ainda posarem de defensores do meio ambiente e também ganharem mais ao tentarem vender aos seus clientes as sacolas de tecido que não são nem um pouco práticas, submetendo as pessoas a mais um ônus que é carregar aquela tralha para cima e para baixo. Cheguei no supermercado e esqueci as sacolas, tenho que voltar em casa ou pagar o que estão me cobrando pelas de plástico.
Sinplast – O senhor realiza alguma ação na comunidade em prol do uso da sacola plástica e seu descarte adequado?
Ene – Acho que sim… escrevo sobre isto.
Sinplast – Algo mais a acrescentar sobre o tema?
Ene – Um leitor me enviou um comentário sobre coleta de lixo conteinerizado em Venâncio Aires, no qual os usuários colocam os seus resíduos direto num container, sem necessitar embalagem para tal. Me parece algo bem inovador, pois na Europa em alguns países, já é assim. O grande problema das sacolinhas de supermercado é quando a coleta de lixo da cidade é ineficiente, ficando lixo espalhado e as sacolinhas são rasgadas pelos cães, indo parar nas bocas-de-lobo, ou quando o destino dado ao lixo pelas prefeituras é inadequado, em aterros sanitários sem proteção, lixões a céu aberto ou ainda localizados próximos a cursos d’água, etc. O lixo de Rio Pardo vai para um buraco de mina em Minas do Leão, acredito que em boas condições já que é licenciado pela Fepam. Mas aqui não temos coleta seletiva o que é um atraso, pois muita coisa que poderia ser reciclada, como as sacolinhas, vão apodrecer dentro do buraco.