O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira que a
economia brasileira poderá crescer menos do que o previsto. A estimativa
que vinha sendo divulgada pela equipe econômica era um crescimento de
4,5% em 2011.
Mantega participou de audiência pública durante
mais de três horas, na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE),
para falar da situação do Brasil diante da crise econômica mundial.
—
Não acredito que vá além de 4%. Que não é um PIB [Produto Interno
Bruto] mau para o ano de transição e para a histórico do Brasil. Então,
conseguir ficar em torno de 4% do PIB é suficiente para continuar
gerando arrecadação, bancar os custos e fazer o superávit primário
necessário para o país — explicou o ministro.
Aos parlamentares,
Mantega lembrou que as despesas de pessoal e de custeio e capital têm
crescido menos que o PIB. Ele acrescentou que essas despesas têm
crescido menos também do que a arrecadação de impostos e contribuições.
Para ele, isso mostra que a situação está sob controle no Brasil.
—
Para se ter uma ideia, a receita está crescendo este ano algo como
19,3% em relação ao ano anterior e a despesa crescendo 10,8% em valores
nominais. Portanto, a receita está crescendo muito mais do que a despesa
— observou.
Mantega disse ainda que se não houvesse uma conta
significativa de juros, o Brasil estaria muito confortável do ponto de
vista fiscal. Ele lembrou que os juros são um grande gasto que precisa
ser reduzido, mas é preciso fazer isso de forma “responsável e
adequada”. O ministro garantiu que o Brasil passa, assim, a não ter mais
problema com a rolagem da dívida.
Apesar de enfatizar que a
crise econômica atual está localizada em países desenvolvidos, ele se
disse preocupado com seus efeitos.
— Temos que estar preparados.
A crise financeira de 2008 não terminou para esses países. Ela mudou de
fase, começou como uma crise financeira e se transformou numa crise da
dívida soberana.
Mantega também demonstrou preocupação com o
baixo nível de crescimento da economia americana, considerado por ele um
dos principais motores da economia mundial, e ainda com a situação de
países europeus. Ele disse que a economia americana não está gerando
dinamismo na economia mundial, nem empregos e nem demanda para produtos
manufaturados.
— Temos um baixo crescimento dos países. A
situação econômica nos Estados Unidos é melhor porque os bancos estão
estabilizados, mas falta política fiscal e há um conflito político entre
democratas e republicanos. O [lado] político está atrapalhando.
Na
audiência, Mantega também lembrou dos riscos da crise mundial para a
economia chinesa, outro importante pilar na economia global devido ao
seu ritmo de crescimento.
— Se a China balançar, vai balançar
muita gente, pois o preço das commodities pode cair e precisamos ver se o
nível da atividade chinesa cai sem nos prejudicar.
fonte: Zero Hora