O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse nesta sexta-feira (16) que a inflação brasileira deverá cair em torno de dois pontos percentuais até abril do ano que vem, em linha com o objetivo do BC de atingir 4,5% em 2012, patamar que representa o centro da meta estabelecida pelo governo.
“A inflação, em 12 meses, ela cresce. Está agora em seu pico em agosto, setembro e depois, nos próximos oito meses, até abril do ano que vem, teremos uma redução da inflação em torno de doispontos de percentagem. Esse processo nós vamos acompanhar partir de agora. Isso dá oportunidade de entender a estratégia de combate à inflação, sempre lembrando que o nosso objetivo é trazê-la de volta para a meta em dezembro de 2012”, afirmou durante participação em evento em São Paulo promovido pelo Sindicato da Habitação (Secovi).
De acordo com Tombini, o BC já nota uma moderação no ritmo de atividade da economia, reflexo tanto das medidas adotadas pelo governo quanto da piora nas previsões de crescimento econômico global, o que ajuda no processo de combate à alta dos preços.
Crescimento a ser revisado
A projeção do BC para o crescimento da economia em 2011, que era de 4%, será revisada no próximo relatório de inflação, que será divulgado no fim de setembro.
“Vamos revisar o crescimento para 2011 agora no final do mês, nossa projeção anterior de 4%, isso será revisado por conta do relatório de inflação que será publicado no final deste mês”, disse.
Choques de curto prazo
Tombini afirmou também que a recente alta do preço da carne se deve a questões sazonais e que, dado o ritmo mais lento de expansão da economia, não deve se propagar de maneira tão rápida. “A ideia é que esses choques (de preços) que estamos vivendo no momento tenham uma curta duração”.
Previu também que, mesmo em um cenário de menos crescimento econômico mundial, o preço das commodities deve subir menos do que no segundo semestre de 2010, quando acumulou alta de 40%. “Mas em momento nenhum falamos em deflação no preço das commodities”, afirmou.
Ajustes nos juros
Ainda segundo Tombini, o BC continuará a ajustar sua política monetária de acordo com a evolução do quadro internacional. Em agosto, o BC surpreendeu o mercado ao baixar os juros básicos da economia de 12,50% para 12% ao ano, com base em uma reavaliação do cenário internacional.
“Certamente esse menor crescimento da economia global tem impacto em todas as economias, inclusive no país, e isso tem que ser levado em consideração no momento de ajustar as políticas, no caso a nossa política monetária”.
Efeitos da crise
Para Tombini, os desdobramentos da situação econômica internacional são imprevisíveis, mas a estimativa é de que haja redução nas perspectivas de crescimento mundial nos próximos dois anos.
“Temos uma situação internacional hoje delicada, mas (…) hoje o Brasil está melhor preparado do que estava em 2008, quando nos saímos bem da crise. As nossas políticas, a política do Banco Central, continuará sendo ajustada no futuro diante do quadro internacional, temos que acompanhar a evolução também. Os desdobramentos neste momento são imprevisíveis, temos uma visão geral de que significa uma redução nas perspectivas de crescimento nos próximos dois anos”, disse.
De acordo com Tombini, a expectativa é de que a redução do crescimento das principais economias represente cerca de 25% da retração observada no “agudo da crise de 2008”, quando, segundo o presidente do BC, houve uma reversão de cinco pontos no crescimento da economia global.
Crédito imobiliário
No evento do Secovi, o presidente do BC afirmou que o crédito imobiliário cresce a taxas elevadas, mas em ritmo “sustentável”, e que deve chegar a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) na próxima década. Atualmente, segundo ele, o setor representa 5% da economia brasileira
fonte: G1