Mantega diz que governo poderá cortar tributos se a crise piorar

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (3) em São Paulo que o governo poderá cortar tributos, liberar mais crédito e até baixar juros para estimular a economia brasileira em caso de agravamento da crise internacional.

De acordo com o ministro, a situação fiscal sólida do país e o nível de reservas, que é o dobro do que o Brasil tinha na época da crise de 2008, seriam exemplos de “munição” que o Brasil tem para enfrentar uma piora da economia mundial.

“Temos uma situação fiscal sólida. Nós temos a possibilidade de, se necessário, fazermos política fiscal, reduzindo tributos, por exemplo. Mas, tudo isso, claro, se a situação piorar”, afirmou Mantega, após participar de reunião com empresários na sede da Fiesp, nesta segunda. O ministro ressaltou, no entanto, que será dada preferência a ações de política monetária antes da fiscal.

Crescimento e investimentos
Mantega também disse que, apesar das condições adversas da economia mundial, o Brasil continuará crescendo, gerando empregos e fortalecendo o mercado brasileiro. O ministro citou ainda que a redução dos juros e do compulsório dos bancos também poderão ser ferramentas em caso de agravamento do cenário econômico.

““Se a crise se agravar, faltar crédito para exportações, BC pode baixar compulsório, que acaba aumentando o crédito que os bancos têm para oferecer e ainda podemos fazer leilão de crédito para exportadores terem dinheiro para suas operações”, citando ainda que, nesse mesmo cenário, o governo vai “ter que liberar mais crédito e baixar a taxa juros”.

Durante o encontro, Mantega afirmou ter dito aos empresários que continuem confiando e investindo, porque “temos condições fiscais sólidas e vamos continuar a tê-las no futuro. Temos um mercado consumidor dinâmico, que não existe em outros lugares, e que depende menos do mercado externo”.

O ministro disse que o governo vai continuar implementando medidas estruturais para reduzir custos de energia, de infraestrutura, tributária, de modo que a indústria seja cada vez mais competitiva.

Juro ideal
Questionado sobre qual seria o juro real ideal no Brasil, diante desse cenário de inflação em alta, o ministro afirmou que seria de 2% a 3% ao ano, o equivalente ao registrado em outros países emergentes.

“Mas é preciso que existam condições que permitam que ela caia. Não seria prudente que isso fosse atingido da noite para o dia. De qualquer forma, quando o o BC [Banco Central] achar que a situação é boa, vai reduzir. Pode ser em um, dois, três anos.”

fonte: g1