Apesar do cenário “de contratempos sérios que estão no horizonte” em razão do agravamento da crise econômica mundial, o Brasil tem condições de continuar crescendo, mesmo no curto prazo. Foi o que disse nesta segunda-feira o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, no seminário “Novo Pensamento Econômico – Contribuições do Brasil para um Diálogo Global”, promovido pela Fundação Ford, no Rio de Janeiro.
Coutinho acredita que a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) este ano já está definida e deverá ficar entre 3% e 3,5%.
— A oscilação de curto prazo não é relevante — ressalvou.
Para ele, da mesma forma que a economia foi programada para desacelerar em razão da crise mundial, pode voltar a ser programada para acelerar.
— O que move investimento é a perspectiva de futuro para os próximos três, quatro, cinco anos.
Coutinho lembrou que o Brasil e os demais países em desenvolvimento, que têm um “certo grau de autonomia”, estão crescendo acima da média mundial.
— Isso é que nos dá força para criar um horizonte de credibilidade para investimentos futuros.
Acrescentou que a combinação de uma política fiscal firme com a perspectiva de manutenção da política de redução dos juros, aliada a incentivos ao investimento, diferencia a economia brasileira.
Para garantir a continuidade do crescimento, Coutinho destacou que os primeiros desafios são a formação de uma taxa agregada de poupança em reais e a elevação da taxa de investimento.
— A política brasileira tem sido a de priorizar os incentivos aos investimentos, como grande diretriz norteadora do processo de sustentação do crescimento.
Embora o BNDES seja reconhecido como uma alavanca ao investimento no país, Luciano Coutinho avaliou que ainda é cedo para definir se será necessária alguma mudança na política de financiamento da instituição.
— A nossa percepção é que os planos de investimento estão mantidos em um patamar elevado, embora o ritmo tenha desacelerado um pouquinho na margem.
O presidente do BNDES salientou que a crise mundial atual difere da de 2008, que resultou em uma paralisia completa do sistema global de crédito, afetando as exportações no Brasil e reduzindo os investimentos. Disse também que “não há perspectiva de ruptura sistêmica de um banco importante”.
fonte: Zero Hora