O coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea), Roberto Messenberg, disse nesta quarta-feira
(20) que o Banco Central (BC) tem espaço para manter a taxa básica de
juros (Selic) no patamar atual (12,25% ao ano) na reunião desta
quarta-feira (20) do Comitê de Política Monetária (Copom). Segundo ele,
mantido o nível atual dos juros, a inflação fechará 2011 na faixa entre
5% e 6%, portanto, abaixo do teto da meta do governo.
No entanto,
ao apresentar hoje a Carta de Conjuntura do Ipea, Messenberg disse
esperar que o Banco Central faça novo reajuste na Selic. Ele criticou a
pressão sobre o BC vinda do mercado para lidar com a inflação por meio
apenas da taxa de juros. Na Carta, o Ipea dá um panorama de tendência
forte de desaceleração dos preços no segundo semestre, inclusive no
setor de serviços.
Segundo a técnica do Ipea Júlia Braga, a
deflação em alguns setores de commodities (matérias-primas) como
alimentos e combustíveis, vai refletir em uma tendência de queda nos
preços também no setor de serviços, cuja pressão atual seria ainda um
reflexo do surto inflacionário do início do ano.
Messenberg
defendeu o uso mais intensivo de medidas macroprudenciais para
restringir ainda mais o crédito para consumo. Para ele, estes
instrumentos tiveram um papel decisivo na desaceleração da inflação ao
serem combinados com uma alta de juros. “Foi uma combinação feliz. Há
desaceleração do crédito, mas a evolução do investimento não é
satisfatória ainda. É preciso refrear o crédito para o consumo, para ter
mais investimento público sem gerar desequilíbrios na economia”, disse
Messenberg, citando também instrumentos como a elevação dos
compulsórios.
fonte: Jornal do Comércio