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Déficit das contas externas e investimento estrangeiro são recorde

O déficit em transações correntes, o que engloba a balança comercial,
os serviços e as rendas, considerado um dos principais indicadores do
setor externo brasileiro, somou US$ 25,44 bilhões no primeiro semestre
deste ano, com aumento de 6,71% frente ao mesmo período do ano passado
(US$ 23,84 bilhões), informou o Banco Central nesta terça-feira (26).

Trata-se do maior resultado negativo desde o início da série histórica
do Banco Central para este indicador, que teve início em 1947. Até o
momento, o maior déficit em conta corrente para os seis primeiros meses
de um ano havia sido registrado em 2010. Para todo este ano, o BC prevê
um déficit de US$ 60 bilhões. Se confirmado, também será o maior
resultado negativo para um ano fechado.

“A ampliação do déficit das contas externas reflete naturalmente a
continuidade do crescimento da economia, que se traduz em ampliação da
demanda por parte dos brasileiros de bens e serviços estrangeiros, seja
para consumo, seja para investimento”, avaliou Tulio Maciel, chefe do
Departamento Econômico do BC.

Proporção com o PIB
Na proporção com o Produto Interno Bruto (PIB), porém, o indicador está
longe de ser o pior da série histórica. Há dez anos, em 2001, por
exemplo, o déficit em transações correntes representou 5,05% do PIB nos
seis primeiros meses daquele ano. O resultado negativo das contas
externas, nos seis primeiros meses de 2011, somou 2,15% do PIB. Ou seja,
metade de dez anos atrás. Para todo este ano, a previsão do BC é de um
resultado negativo de 2,49% do PIB.

Investimentos diretos
Apesar do alto déficit das contas externas brasileiras, a autoridade
monetária também informou nesta terça-feira que os investimentos
estrangeiros diretos na economia brasileira somaram US$ 32,47 bilhões no
primeiro semestre deste ano, com elevação de 168% frente ao mesmo
período do ano passado (US$ 12,09 bilhões). Este valor também representa
recorde histórico para os seis primeiros meses de um ano.

Para 2011 fechado, a previsão do Banco Central é de uma entrada de US$
55 bilhões em investimentos estrangeiros diretos, o que, se confirmado,
representará novo recorde histórico. Até o momento, o maior aporte de
investimentos estrangeiros no país aconteceu em 2010, quando foi
registrado um ingresso de US$ 48,46 bilhões.

Com isso, o ingresso de investimentos estrangeiros diretos na economia
brasileira superou com folga o valor do déficit das contas externas
brasileiras, financiando o valor. Apesar de o ingresso de investimentos
estrangeiros ter acelerado no país após o aumento do Imposto Sobre
Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos, o BC já informou não ver “indícios de irregularidades”. A autoridade monetária, porém, admite que não há acompanhamento depois que os investimentos entra na tesouraria dos bancos.

fonte: G1