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Governo desiste de mudança radical no câmbio para combater a inflação

O governo decidiu utilizar o câmbio como mais um instrumento de combate à
inflação. Depois de sucessivos meses de aplicação de medidas para
conter a valorização excessiva do real, os ministros da área econômica,
com o apoio da presidente Dilma Rousseff, entenderam que, neste momento,
não está na agenda intervenções ousadas para conter a excessiva
valorização do real.

A estratégia é aproveitar a cotação do
dólar baixo para importar produtos que complementam o consumo interno
com preços mais baixos aos consumidores. Mesmo os auxiliares de Dilma
mais preocupados com os efeitos do câmbio forte na indústria — Guido
Mantega (Fazenda), Fernando Pimentel (Desenvolvimento) e Luciano
Coutinho (BNDES) — concordaram que não é possível mudar a tendência do
câmbio neste ano.

Trata-se de uma política que não será
oficializada e tampouco pode ser interpretada como orientação para que o
Banco Central deixe o câmbio flutuar livremente. O BC, sempre que
necessário, fará intervenções para manter a taxa equilibrada.

Para
um assessor, “não há muito o que fazer” diante de um cenário em que o
dólar se mantém enfraquecido em relação às principais moedas: 

— Não podemos ficar de medida em medida — disse.

Por
isso, a necessidade de “dar um tempo” no debate sobre novas medidas
para conter a excessiva valorização do real e aproveitar o dólar fraco
para focar no combate à inflação.

Ontem, o dólar fechou cotado a
R$ 1,61, em alta de 1,45%. No mês de abril, variou abaixo de R$ 1,60,
considerado no mercado o “piso informal” do governo.

O discurso
dos ministros já mudou. Na segunda-feira, Pimentel disse que o “câmbio
vai continuar no atual patamar este ano”. No Senado, Mantega garantiu
que o governo não vai permitir a sobrevalorização do real, mas minimizou
o problema:

— Não é uma valorização tão excepcional, tendo em vista os fundamentos da economia.

fonte: Zero Hora