O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta terça-feira (27) que o governo não pretende fazer mudanças na cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “Não vamos mudar o IOF. Não há previsão de mudar o IOF”, disse. “O governo não está preparando novas medidas. O governo já tomou medidas e está fortalecendo a área fiscal”, completou.
Já o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou que haveria “divergências” entre o Ministério da Fazenda e o Banco Central sobre a possibilidade de reverter a taxação do IOF sobre o mercado de derivativos.
“Não há divergencias entre o BC e o Ministério da Fazenda sobre esse tema. A medida sobre os derivativos foi muito importante para que o Brasil chegasse neste momento, de maior volatilidade do mercado internacional, com menos apostas contra o dólar no nosso mercado, o que tornaria as coisas mais difíceis. A medida está indo bem e tem funcionado. O ministro já disse as intenções sobre o IOF de derivativos e estamos no mesmo barco sobre o assunto”, declarou ele.
No final de julho, diante de um cenário de queda acentuada da cotação do dólar, o governo decidiu taxar em até 25% as operações feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no Brasil com instrumentos financeiros chamados de derivativos financeiros, usados como apostas das empresas e bancos, brasileiros e estrangeiros no mercado futuro – que pressionam para baixo a cotação do dólar.
Essa cobrança do IOF, disse Mantega à época, funcionaria como um “pedágio” contra a especulação no mercado futuro.Com a maior taxação o volume de dólares que entra no país tende a diminuir, o que reduziria a cotação. Os derivativos cambiais têm grande influência na formação de preços da moeda norte-americana no mercado à vista.
Com a acentuação da crise no cenário exterior, no entanto, o dólar teve forte valorização ante o real, levando o mercado a acreditar que o governo poderia retroceder na taxação sobre os derivativos.
Crise grega
Mantega também reiterou que o governo não está mais preocupado agora com a crise do que estava antes.
Ele afirmou que não vê possibilidade de “default” (calote) da Grécia nesta semana. Ele disse que pôde constatar, durante a reunião do G-20, na semana passada, que a Grécia tem cumprido todas as obrigações com o fundo europeu e o Fundo Monetário Internacional (FMI). “A Grécia está cumprindo as obrigações. Não há nada iminente, pelo contrário. Os mercados estão mais tranquilos hoje.”
Mantega disse que, enquanto a Grécia cumprir com estas obrigações, vai receber recursos para os vencimentos da dívida. “Olhei detalhadamente as contas da Grécia e me parecem sustentáveis”, disse, em breve pronunciamento na portaria do Ministério da Fazenda.
Fundo europeu
Mantega avaliou que o caminho a seguir para tentar conter os efeitos nocivos da crise das dívidas nos países europeus é a aprovação, o quanto antes, do novo fundo financeiro do continente para ajudar as economias em maior dificuldade. “A exemplo do que o FED (banco central norte-americano) fez nos Estados Unidos, esse fundo (europeu) tem de ser aprovado logo para que a situação fique sob controle. Mas, mesmo assim, a crise vai continuar”, afirmou o ministro.
Para Mantega, a criação desse fundo “tem que ser feito com rapidez”. A União Europeia está demorando “um pouco” para resolver seus problemas, segundo ele.
Mantega explicou que a alternativa do fundo europeu servirá para evitar uma “agudização” da crise, mas não evitará uma recessão nas economias norte-americanas e europeias. Para o ministro, “o Brasil está preparado para enfrentar essa situação difícil”.
fonte: g1