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Manufaturados terão déficit de US$ 51 bi

Os produtos manufaturados deverão fechar este ano com déficit de R$
51,11 bilhões na balança comercial brasileira, segundo projeção
divulgada nesta segunda-feira pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI). Em 2010, o saldo foi negativo em R$ 33,5 bilhões. De acordo com
Informe Conjuntural da entidade, a indústria de transformação
(manufatura) fechará 2011 com crescimento de apenas 2,6%, taxa menor que
o estimado para a expansão do PIB, que passou para 3,8%.

Para o
economista da CNI Flávio Castelo Branco, a explicação para o baixo
desempenho da indústria está relacionada à valorização da moeda
brasileira, puxada pela alta na taxa de juros sem a contrapartida de
melhoria na competitividade de produtos nacionais. Ele disse que a
expectativa do setor sobre a nova política industrial na ser divulgada
pelo governo a próxima semana é alta. “A nossa expectativa é a definição
de uma política industrial focada na indústria manufatureira. Não se
tornou mais barato produzir no Brasil. E a valorização do câmbio aumenta
os custos e prejudica a competitividade dos produtos nacionais”, disse.

Entre
as medidas a serem anunciadas, o setor espera desoneração de
investimentos, redução do PIS/Cofins nos bens de capital, estímulos à
inovação, e melhor acesso a crédito para investimentos. De acordo com a
CNI, a carga tributária elevada, a burocracia, gargalos na logística e
encargos sobre a folha são os principais entraves ao crescimento da
indústria. O economista destacou que a indústria manufatureira tinha um
saldo comercial positivo até 2007 e que essa situação se inverteu com a
crise financeira internacional de 2008, com déficit crescente.

Ao
divulgar as projeções com indicadores para economia, a CNI revisou de
3,5% para 3,8% o crescimento do PIB em 2011. Também foi revisada a taxa
de crescimento do PIB industrial (que reúne indústria manufatureira,
extrativista, civil e de utilidade pública), saindo de 2,8% para 3,2%.
Entretanto, a entidade classificou a revisão para cima desses
indicadores como um ajuste pontual, devido ao bom desempenho da economia
no primeiro trimestre do ano. Castelo Branco disse que o arrocho na
política monetária (o aumento na taxa de juros) e medidas de restrição
ao crédito anularam essa contribuição positiva dos três primeiros meses
do ano.

Para a CNI, tudo indica que o ciclo de alta na taxa de
juros se completou na reunião do Copom da semana passada, quando a Selic
passou a 12,5% ao ano. No entanto, isso não significa que as condições
melhoraram para os tomadores de crédito, devido ao crescimento da taxa
de inadimplência e medidas para restringir o financiamento.

As
perspectivas da economia brasileira levam em conta que o consumo das
famílias crescerá 4,5% este ano, que a Formação Bruta de Capital Fixo
subirá 8,5% em 2011 ante 2010, e que a taxa de desemprego ficará em 5,9%
da População Economicamente Ativa (PEA). O informe prevê ainda que a
taxa de câmbio (média de dezembro) chegará a R$ 1,56 ante R$ 1,63
prevista em março deste ano. Esta cotação também era esperada para o
dólar na média do ano há três meses, mas agora as estimativas cederam
para R$ 1,59. O levantamento da CNI manteve as projeções de final de ano
para o IPCA (6%), taxa básica de juros (12,50%) e saldo para a balança
comercial (US$ 20 bilhões), em relação ao levantamento referente ao
primeiro trimestre.

fonte: jornal do comércio