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País não pode permitir prejuízo causado por crise, defende Lula

Em discurso para sindicalistas da União Geral dos Trabalhadores (UGT), o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sexta-feira (15)
que o Brasil não pode permitir que a crise econômica que atinge a Europa
e os Estados Unidos prejudique o País.

“A gente não pode aceitar
que os americanos façam o ajuste da sua política fiscal à custa da
desvalorização do dólar, o que cria prejuízo para o comércio dos países
mais pobres. A gente não pode permitir que a crise venha causar prejuízo
para o nosso País”, disse Lula durante o Congresso Nacional da UGT,
realizado em São Paulo.

Num tom inflamado, Lula culpou os países
desenvolvidos pela crise no continente europeu. “Estamos vendo a
Espanha, Portugal e Grécia numa situação delicada. É uma crise que não
foi causada pelos países pobres, é uma crise causada pelos países ricos.
É uma crise surgida não na Bolívia, não na Argentina, no Paraguai ou no
Brasil. É uma crise surgida nos Estados Unidos e na Europa”, apontou.

Nos
20 minutos de discurso, Lula fez um balanço de seus oito anos de
governo, com destaque para a estabilidade econômica e a forma como o
Brasil superou a crise internacional. “Enquanto o Obama já está há mais
de dois anos sem resolver a crise americana, enquanto a Europa já está
há dois anos sem resolver a crise lá, aqui no Brasil nós dissemos que a
crise seria uma marolinha, que ia chegar por último e ia embora
primeiro. E foi exatamente o que aconteceu”, afirmou.

De acordo
com o ex-presidente, seu governo fez uma “pequena revolução” no País, ao
criar uma nova classe média e tirar milhões de pessoas da miséria. “O
que mais encanta o mundo inteiro é que 39 milhões de brasileiros foram
para a classe média e 28 milhões saíram da linha da pobreza. Esse é o
fato mais inusitado discutido nos debates que eu tenho participado no
mundo inteiro. As pessoas querem saber como é que em oito anos você leva
39 milhões a subir de classe”, afirmou.

Ovacionado pelos
sindicalistas, Lula disse estar orgulhoso por ter feito uma gestão
comprometida com os mais pobres. “Eu tenho um olhar meio vesgo para o
mais pobre”, brincou. Para o ex-presidente, a ascensão social nos
últimos anos causa desconforto na elite do País.

“Isso incomoda
algumas pessoas, porque agora pobre viaja de avião. Eu fui agora para a
Argentina e está cheio de pobre no avião indo para Buenos Aires, indo
para o Uruguai, indo visitar os parentes no Maranhão, no Piauí”,
comentou. “Tem gente que diz: ‘Esse Lula é uma desgraça mesmo, até pobre
está andando de carro em São Paulo, estão entupindo as ruas!'”

Durante
sua participação no evento, Lula causou tumulto por onde passou.
Assediado pelos sindicalistas, o ex-presidente parou para tirar fotos e
distribuir autógrafos e teve dificuldades para deixar o congresso. Em
seu discurso, chegou a descer do palco para abraçar a plateia, dando
muito trabalho aos seguranças para tirá-lo dos braços dos sindicalistas.

Mesmo
no meio do tumulto, Lula comentou sobre a confirmação da cidade de São
Paulo como uma das sedes da Copa de 2014. “Seria impensável São Paulo
não ter a abertura da Copa do Mundo. É o Estado mais importante da
Federação, o mais rico e o que tem mais futebol”, afirmou o presidente,
que já conta com a cerimônia de abertura em São Paulo, embora isso ainda
não tenha sido oficializado pela Fifa. Lula também rebateu aos críticos
que colocam em dúvida a capacidade do País em sediar o evento. “O
Brasil tem de ser levado a sério”, afirmou.

fonte: Jornal do Comércio