Com a publicação da resolução normativa 482, há cerca de uma semana atrás, foi dado um passo importante no sentido de implantar uma nova política energética.
Passou a ser aceito que se possa gerar a própria energia elétrica, operando em paralelo com a rede. Isto significa que, quando eu não estiver gerando minha energia eu uso a disponível na rede e quando eu estiver gerando mais do que necessito eu jogo o excesso na rede. É uma forma de dizer que quando minha geração é maior eu armazeno meu excedente na rede e quando é menor ou compro da concessionária.
No fim do período de leitura será feito um balanço e eu vou pagar a diferença se tiver gerado menos e vou acumular crédito para o período seguinte, se tiver gerado a mais.
Com esta resolução temos que tirar o chapéu para a ANEEL que conseguiu assim romper com o paradigma secular, infelizmente não só da área de energia elétrica, segundo o qual o cidadão brasileiro é um incapaz, não entende nada de nada e não se pode imputar a ele qualquer responsabilidade por erros cometidos por ele neste contexto.
A resolução ainda deixa oportunidade para a concessionária dizer não ou, pelo menos, de inviabilizar determinados projetos. No âmbito do planejamento que leve em conta os próximos anos temos uma oportunidade impar de implementar a possibilidade de operação em paralelo com a rede, pois as previsões para o nosso Estado são muito sombrias. A tendência de faltar energia e de um black-out nos próximos verões é muito grande. Neste último verão só não houve black-out por uma condescendência muito grande da sorte (ou porque o Murphy estava dormindo ou deu uma cochilada).
Segundo a apresentação que o representante do ONS fez recentemente na FIERGS e as discussões que ele manteve com os representantes da CEEE-GT, o apagão ou a falta de energia ficou no quase – quase e tivemos muita sorte por não ter acontecido de fato. Ele até lançou a idéia, recebida de forma muito cética, de que deveria se cogitar de aproveitar a potência total dos grupos geradores de emergência das indústrias de nossa região.
No frigir dos ovos temos que acompanhar a evolução das regras e pressionar para que abranja mais fontes de energia primária. Para o primeiro passo está muito bom.
Por Paulo Wolff, consultor do Sinplast Energia