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Artigo: É hora de passar o bastão*

O Rio Grande do Sul vive um dos momentos mais cruciais de toda a sua história. De um lado, o governo apresenta o regime de recuperação fiscal como única alternativa para evitar o colapso das finanças; de outro, muitos acreditam que o pacote não resolverá o problema, que terá que ser pago no futuro, com ainda mais juros, correções e prejuízos à máquina pública. As propostas, de fato, nunca agradarão a todos, mas é preciso debater e colocar na balança os prós e contras, sempre pensando na sociedade gaúcha, nas suas carências e necessidades a curto e longo prazo.

Como industrial e dirigente de entidade de classe, trago como exemplo para essa análise o tão polêmico e debatido tema da privatização das estatais. Ao fazermos um comparativo entre três empresas do setor de energia elétrica, vemos claramente que o ponto focal está na má gestão e na falta de capacidade de investimento e estratégias para que os avanços ocorram. A RGE é uma empresa privada e bem administrada, que em 2016 teve resultado positivo superior a R$ 98 milhões; já a AES Sul, também privada, acabou vendida para a RGE-CPFL diante dos prejuízos de R$ 403 milhões bancados pelo acionistas; por fim, a estatal CEEE, que apesar dos ajustes ocorridos nos últimos anos para não perder a concessão, fechou 2016 com um déficit superior a R$ 517 milhões, custo esse bancado pelos contribuintes gaúchos – mesmo aqueles não atendidos pela companhia.

Não seria a hora de passar o bastão e tentar um novo modelo de administração? Além dos prejuízos financeiros, a falta de capacidade de investimento do Estado coloca em risco o abastecimento de energia de um terço do Rio Grande do Sul, sem falar no risco de perdermos a concessão, que é o único patrimônio que resta para a CEEE. Por isso, reflexões como essa do setor elétrico são importantes nesse cenário atual em todas as áreas, fazendo com que reflitamos sobre o presente e, especialmente, sobre os próximos passos a serem dados em nosso Estado. O momento é de responsabilidade. O que é melhor para o futuro do Rio Grande deve ser feito sim, e agora.

* Artigo do presidente do Sinplast Edilson Deitos publicado em 05 de fevereiro no Jornal Zero Hora.