Em entrevista exclusiva ao Informativo 3ª Geração do Sinplast, José Ricardo Roriz Coelho, presidente reeleito da ABIPLAST, analisa o cenário da indústria de transformação, traça perspectivas para o setor e destaca a importância de ações pela valorização do plástico.
De acordo com o relatório Perfil 2018 da Abiplast, no ano passado, a indústria de transformados plásticos não registrou o crescimento esperado, tendo um avanço de 0,8% em relação a 2017. Em sua opinião, a que se deve esse resultado?
A indústria de transformação e reciclagem de plástico, de fato, cresceu abaixo das expectativas em 2018. O setor tinha a perspectiva de um crescimento de 2,2% na produção física, mas observou uma expansão de apenas 0,8%. Tal resultado é explicado, em parte, pelo desempenho negativo registrado em setores que são grandes demandantes de plástico (como o de alimentos e o de construção civil); pela realização da Copa do Mundo e das eleições, momentos que normalmente desaceleram a atividade; e pela paralisação logística em maio de 2018. Na ocasião, houve uma quebra nesse ritmo já lento de recuperação, e a tendência de crescimento que havia até então se converteu em estagnação.
A indústria de transformação do plástico brasileira é o quarto setor que mais emprega no país. De que forma essa geração de emprego tem respondido ao crescimento do setor, ou seja, se o setor não tem registrado crescimento esperado como ele ainda consegue empregar tanto?
Em 2018, a geração de postos de trabalho se manteve praticamente estável em comparação ao ano anterior, com um crescimento de 0,2% no número de empregos no setor (483 novos postos de trabalho). Nossa indústria fechou o ano com 313 mil profissionais formalizados – o que nos coloca como o 4º maior empregador entre os setores que pertencem à indústria de transformação e o que paga os melhores salários.
Temos observado os impactos da reforma trabalhista no emprego, o que melhora e dá maior segurança jurídica aos contratos e às negociações. O governo também vem discutindo e dando a entender que vão melhorar o ambiente tributário e os encargos sobre a folha em atividades produtivas. Continuaremos a observar a evolução desse debate, pois certamente essas ações trariam reflexos positivos nas contratações.
O que o senhor enxerga de perspectivas em relação ao setor no próximo ano? É possível crescer mais do que o ano passado?
A expectativa de crescimento da produção física do setor de transformados plásticos em 2019 é de 0,7%. Desde o fim de 2018, diante dos resultados do setor nos primeiros meses do ano e das revisões de estimativas para o crescimento do PIB e da produção industrial, revisamos essa projeção duas vezes para baixo. A projeção ainda é conservadora, já que a indústria espera melhorias estruturais para a economia, como as que vem sendo anunciadas pelo atual governo, a exemplo da Reforma da Previdência. Acreditamos que este será um ano de continuidade de uma recuperação lenta da indústria.
Como recém reempossado presidente da ABIPLAST, quais são os planos da associação em relação à campanha de valorização do plástico em meio a um cenário em que essa matéria-prima tem se tornado cada vez mais repudiada pela sociedade?
Há 8 anos à frente da ABIPLAST, por unanimidade, tive a alegria de ser reeleito, por mais quatro anos, como presidente tanto da ABIPLAST quanto do SINDIPLAST. Referente à citada campanha, o setor plástico tem enfrentado um grande desafio em relação à imagem e reputação do produto plástico. Nossos esforços continuam voltados para elucidar que o problema da má gestão de resíduos sólidos não envolve apenas uma matéria-prima. Há, sim, uma série de implicações que vai do descarte, passando pela estrutura de coleta e destinação, até a reciclagem desses materiais. Sendo assim, é necessária uma visão sistêmica da questão.
Várias são as ações do nosso setor no sentido de minimizar esses problemas e efetivar a economia circular na cadeia produtiva, como é a iniciativa da Rede de Cooperação para o Plástico. A ABIPLAST também participa das discussões relativas à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) desde 2010 e integra a Coalizão Empresarial, com mais 22 associações empresariais que elaboraram e assinaram o Acordo Setorial de Embalagens em Geral. Precisamos dar visibilidade a essas ações e mostrar que a resolução dos gargalos trará resultados muito mais perenes do que proibições de produtos, por exemplo.