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Crise nas dívidas soberanas derruba bolsas de Nova Iorque

Os principais índices do mercado de ações encerraram a primeira sessão do quarto trimestre em queda, pressionados por receios com a possibilidade de um agravamento na crise das dívidas soberanas da Europa após a Grécia ter divulgado ontem um orçamento preliminar para 2012 que prevê o descumprimento das metas de redução do déficit fiscal deste ano e do próximo.

O Dow Jones caiu 258,08 pontos, ou 2,36%, para 10.655,30 pontos, menor nível de fechamento registrado neste ano. O S&P 500 recuou 32,19 pontos, ou 2,85%, e também renovou a mínima de fechamento de 2011, encerrando o pregão a 1.099,23 pontos. O índice está a apenas 9 pontos de atingir uma queda de 20% em relação à máxima do ano, o que caracterizaria o início de um quadro de correção técnica. O Nasdaq recuou 79,57 pontos, ou 3,29%, para 2.335,83 pontos.

No domingo, o gabinete do governo da Grécia aprovou um orçamento preliminar para o ano que vem que prevê déficits fiscais equivalentes a 8,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 e a 6,8% do PIB em 2012. Nos dois casos, as taxas superam as metas estabelecidas anteriormente, de déficits de 7,6% e de 6,5%, respectivamente.

A notícia deixou muitos investidores preocupados com a possibilidade de a Grécia não receber a próxima parcela de auxílio financeiro das demais nações europeias, visto que o cumprimento das metas de redução do déficit era um dos requisitos para a liberação desses recursos. Sem o dinheiro, os gregos podem ser obrigados a declarar moratória.

Pela manhã, as ações chegaram a subir após o Instituto para Gestão de Oferta (ISM, na sigla em inglês) divulgar que seu índice sobre a atividade industrial dos EUA avançou para 51,6 em setembro, de 50,6 no mês anterior, contrariando as expectativas de analistas, que previam um declínio para 50,4. Leituras superiores a 50 sugerem expansão da atividade.

Posteriormente, no entanto, as bolsas perderam o fôlego. “As pessoas estão usando todos os ralis que temos para realizar lucros e fechar posições”, disse Ryan Larson, diretor de negócios com ações da RBC Global Asset Management. “Enquanto isso não mudar, será difícil sustentar qualquer movimento significativo de alta.”

Segundo Jonathan Corpina, sócio-gerente da corretora Meridian Equity Partners, “os investidores e operadores não sabiam o que ia acontecer depois do dado (sobre atividade industrial), mas uma vez estabelecida a direção do mercado, todos embarcaram.”

As ações de instituições financeiras tiveram declínio particularmente acentuado, refletindo a preocupação com a solidez dos bancos e sua capacidade de sobrevivência a uma nova recessão. O Bank of America caiu 9,64%, enquanto o Morgan Stanley perdeu 7,63% e o Citigroup recuou 9,80%. O Goldman Sachs fechou em baixa de 4,73%.

No mercado de Treasuries, os preços subiram, com respectivo movimento inverso dos juros, diante do ressurgimento das preocupações com a situação na Europa. O início da chamada “Operação Twist” do Federal Reserve também contribuiu para o avanço dos preços, visto que o banco central comprou hoje US$ 2,5 bilhões em Treasuries com vencimento em 25 a 30 anos.

No final da tarde em Nova York, o juro projetado pelos T-bonds de 30 anos estava em 2,731%, de 2,897% na sexta-feira; o juro das T-notes de 10 anos estava em 1,757%, de 1,907%; o juro das T-notes de 2 anos estava em 0,239%, de 0,254%.

fonte: jornal do comercio