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Recuperação das empresas pós-enchentes

A Revista Plástico Sul, o Sinplast-RS e o Simplás estiveram reunidos em uma live, na última quinta-feira (23/05), para discutir estratégias de recuperação para empresas locais afetadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Conduzida pela jornalista Melina Gonçalves, a discussão teve como objetivo fornecer informações para ajudar a indústria gaúcha a superar os desafios impostos pelo desastre. Durante o encontro, foram abordados diversos tópicos essenciais para a recuperação, como a restauração de fábricas inundadas, a escassez de mão de obra, e o aumento dos preços de matéria-prima. A sessão contou com a participação do consultor do Sinplast-RS e CEO da Après21, André Castro, do vice-presidente do Sinplast-RS e diretor da Zandei Plásticos, Edilson Deitos, e do vice-presidente do Simplás, Mateus Sonda.

Para Sonda, os principais desafios enfrentados pela região da Serra Gaúcha, são os danos à infraestrutura e a logística comprometida, que afetam o recebimento e o escoamento de mercadorias. Ele enfatizou a necessidade de apoio mútuo e solidariedade, mesmo entre empresas não associadas ao Simplás, para superar a crise. Além disso, ressaltou a importância do plástico na reconstrução do Estado, desde o fornecimento de caixas plásticas para abrigos até a doação de materiais escolares, mostrando como o setor pode contribuir significativamente para a recuperação social e econômica da região. “Então, agora a questão é a preocupação social. A parte social acaba afetando, de alguma forma, a parte econômica. Nisso, os nossos produtos plásticos vão ser empregados, por exemplo, na indústria de limpeza. Indiretamente, nós vamos estar no lado ruim do negócio, mas a economia vai ter que girar. A reconstrução também vai exigir muito material plástico. O plástico é um dos protagonistas da reconstrução do estado do Rio Grande do Sul”, relata.

Segundo Deitos, a resiliência da indústria frente aos desafios das recentes enchentes no Rio Grande do Sul é uma resposta do setor que se baseou em três pilares: resgate, retomada e reconstrução. No “resgate”, com apoio de outras empresas e instituições, foram distribuídas toneladas de materiais essenciais, como copos, pratos e talheres descartáveis e divisórias em EPS para abrigos, além de uma significativa colaboração na logística de distribuição de recursos. Na “retomada”, enfatizou a importância da união do setor para revitalizar a produção e o emprego. Já na “reconstrução”, Deitos mencionou a necessidade de melhorar a infraestrutura e propôs a criação de projetos de lei e destinação de recursos federais para garantir agilidade em futuras crises. A iniciativa reflete a determinação do setor em superar as adversidades e continuar contribuindo para a economia local. “Nós realizamos uma pesquisa do Sinplast com os seus associados. Pela expansão da área territorial em que o Sinplast-RS atua, realmente os nossos índices de indústrias afetadas foram maiores. Nós tivemos fábricas alagadas, 12,3% falta de mão de obra em função de alagamento de residências e colaboradores, 15,8% relatado que tiveram problemas de produção por falta de mão de obra, clientes parados, 15,8% tiveram problemas de logística, não necessariamente que não conseguiram deslocar esses produtos, mas um aumento do custo expressivo, como aumento do custo do frete”, ressalta.

Conforme Castro, a importância da união e colaboração é o primeiro passo na reconstrução, e destacou a necessidade de investimentos tanto em reconstrução quanto em prevenção para evitar futuros desastres. Castro falou sobre os desafios logísticos enfrentados pelas empresas gaúchas devido à paralisação do Polo Petroquímico de Triunfo, ressaltando a importância de resolver esses gargalos para garantir a retomada das operações. Além disso, o cenário global de oferta e demanda de matérias-primas serve de alerta sobre os impactos nos custos de produção e a necessidade de adaptação da indústria diante dessas mudanças. “As indústrias vão ter aumentos de custos decorrente de todo esse processo. O que não necessariamente quer dizer que nós vamos conviver com preços altos de forma especulativa. O cenário não indica que a gente vai ter um excessivo problema de abastecimento de matéria-prima, que seria a escassez de demanda a um aumento de custos, mas sim a gente vai ter também na área da petroquímica algum problema de custos. Então, nós temos hoje um cenário onde nas pontas temos um certo equilíbrio, mas temos um trânsito no meio que está bastante prejudicado. Isso tende a tornar os preços de chegada nos países mais altos do que estavam no início deste ano”, destaca.

Durante a live também foi debatida a questão dos prazos de pagamentos de impostos. Sonda criticou as prorrogações, afirmando que essa solução apenas adia os problemas financeiros das empresas, sem resolvê-los. Além disso, exemplificou como pequenas empresas já em dificuldades financeiras não se beneficiam dessas prorrogações, que podem piorar a situação ao acumular dívidas futuras. Já Deitos afirmou que a prorrogação de impostos deu um alívio financeiro temporário, permitindo apoio aos clientes afetados. No entanto, ele reconheceu que o parcelamento seria uma solução mais eficaz, apesar de não ser ideal.

Os desafios enfrentados durante a pandemia e outros eventos recentes destacaram a necessidade do estoque na indústria de transformação, especialmente diante da paralisação do Polo Petroquímico e das dificuldades logísticas no abastecimento de matérias-primas. Com uma queda significativa na participação de mercado da Braskem e um aumento contínuo no consumo da indústria plástica, há uma crescente dependência de importações. Isso ressalta a urgência de investimentos na petroquímica local para garantir a disponibilidade de matéria-prima nacional. As indústrias precisam se preparar para essa mudança e advogar por investimentos que assegurem o suprimento de matérias-primas nacionais, especialmente considerando a demanda crescente por produtos plásticos cruciais na reconstrução e em diversas áreas.